sábado, 6 de fevereiro de 2016

MENINA SAMBUDA (poema)

Alevilson da Silva Tavares¹

Menina Sambuda de rua em rua
Passa, pula, crua

Com perfume azedo de medo
Corre deixando um buraco no vento

Quando pensa, senta na primeira calçada
Calada e colada nos próprios sonhos

O povo sempre sopra no ouvido da Menina Sambuda
Como você consegue ficar tanto tempo sentada?

A sorte, a morte, do começo ao fim
Sempre são temas dos pensamentos dessa Menina Sambuda

Um dia sem programação especial
A Menina Sambuda não apareceu na rua

O alvoroço foi tamanho do vigia ao jardineiro
Mas nada fazia a Menina Sambuda aparecer

Já no anoitecer do segundo dia
No silencio da madrugada ela resolveu voltar

Com medo, cansada e com muita fome
Saiu golpeando o seu próprio destino

Caldada, acanhada, envergonhada
Foi ouvir o barulho dos carros pesados

Sua mãe, pai e irmãos
Nunca conheceram a realidade da Menina Sambuda

Ela morava com todos
Mas vivia dento de si

Os seus medos só fluíam quando ela falava
Por isso ela se comunicava com o corpo morto

Não foi fácil converter a Menina Sambuda
Que o brilho, perfume estavam nas mãos pesadas da vida.
Da sua própria vida.



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¹ Diácono (Assembleia de Deus), Pedagogo, Biólogo, Bacharel em Teologia, Especialista em Educação Ambiental e professor na rede pública e particular de ensino nas modalidades:   fundamental e médio. 

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