Alevilson da Silva
Tavares¹
Passa,
pula, crua
Com
perfume azedo de medo
Corre
deixando um buraco no vento
Quando
pensa, senta na primeira calçada
Calada
e colada nos próprios sonhos
O
povo sempre sopra no ouvido da Menina Sambuda
Como
você consegue ficar tanto tempo sentada?
A
sorte, a morte, do começo ao fim
Sempre
são temas dos pensamentos dessa Menina Sambuda
Um
dia sem programação especial
A Menina
Sambuda não apareceu na rua
O
alvoroço foi tamanho do vigia ao jardineiro
Mas
nada fazia a Menina Sambuda aparecer
Já
no anoitecer do segundo dia
No
silêncio da madrugada ela resolveu voltar
Com
medo, cansada e com muita fome
Saiu
golpeando o seu próprio destino
Calada,
acanhada, envergonhada
Foi
ouvir o barulho dos carros pesados
Sua
mãe, pai e irmãos
Nunca
conheceram a realidade da Menina Sambuda
Ela
morava com todos
Mas
vivia presa dentro de si
Os
seus medos só fluíam quando ela falava
Por
isso ela se comunicava com o corpo morto
Não
foi fácil convencer a Menina Sambuda
Que o
brilho, perfume, estavam nas mãos pesadas da vida.
Da
sua própria vida.
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