Alevilson da Silva Tavares¹
Que
culpa tenho eu?
Se
dois mais dois são quatro
Se
duas galinhas brigam
Se
o poste não acendeu
Se
a torneira não verteu
Se
o ônibus não passou
Em
pleno meio dia
No
dia da festa
No
dia da alegria
Que
culpa tenho eu?
Se
o rapaz faltou ao encontro
Se
o palestrante não tinha condições
Se estava trabalhando
Se a tarde era de chuva
Se não tinha roupa limpa
Para vestir a multidão
Como se fosse um coral
Pra todo mundo sair animadão
Que culpa tenho eu?
Se
tudo ocorreu novamente
Se
a comida faltou no prato
Se
o desejo não animou o poeta
Se
a máquina não registrou
Se
o avião não passou
Como
se fosse a hora
De
atrasar a chegada
E
o povo ir embora
Que
culpa tenho eu?
Se
o silencio tomou conta de mim
Se
sou tão assim pobre
Se
tenho apenas alegria
Se
compartilho perdão
Se
brinco de ser criança
Quando
me toma o ódio
Em
meio a chegada da noite
Como
se não fosse jantar
Que
culpa tenho eu?
Se
o mundo vira uma farsa
Se
o discurso é sem graça
Se
o povo não ver motivo
Se
o medo já é meu amigo
Se
o pensamento é sofrido
Em
plena madrugada de segunda
Com
os olhos secos sem sono
Em
tanta coisa a pensar
Que
culpa tenho eu?
Se
o galo já cantou
Se
a manhã apareceu
Se
o café já esquentou
Se
o padeiro já se aprontou
Pra
receber todo mundo
Com
qualquer cara
Só
ou em multidão
Que
culpa tenho eu?
Se
chegou a hora do almoço
Se
ela ainda não veio
Se
rasgou o passaporte
Se
brilhou as escondidas
Se
complicou a minha vida
Com
seu jeito calado
Dizendo
pouca coisa
Mas
que assombra muita agente
Pois
é!
Que
culpa tenho eu!
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¹ Diácono (Assembleia
de Deus), Pedagogo, Biólogo, Bacharel em Teologia, Especialista
em Educação Ambiental e professor na rede pública e particular de ensino nas
modalidades: fundamental e médio.
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